Voo como o pássaro

Livre, ao sabor do vento

Voo sem algemas e grilçoes

Sem certezas, apegos, ilusões

Não tenho pátria, amores

Nem as dores de uma paixão

Voo livre sem medo

Vendo dezenas de pássaros que voam juntos

formando imensos pelotões

Cantam sempre a mesma canção

Mas nunca mudam a direção

Voam sempre para as mesmas áreas

na mesma estação

Mal conhecem a área que sobrevoam

Pensam apenas em sua formatação

A forma de V é mais importante

Do que descer para ver toda imensidão

Dos belos vales, matas e montes

Sempre encobertos, pela fumaça

Nuvem, trovão

Talvez eles tenham medo

do fogo, da chuva

Do outro

Porem de medo em medo

perdem de tudo um pouco

Não digo que só vejo coisas boas

Até por que

o que seriam delas

Se não fosse as outras

O que seria da coragem, se não fosse o medo

O que seria da comida sem a fome

O que seria da Luta, sem o enfrentamento

Ao contrário do bando

não voo para o mesmo lado

Desço e subo sem decorar os passos

Crio sempre um novo rumo

Trilho sempre novos passos

Assim como eu

existem vários

Criam algo novo

Mesmo com o clima alterado

Jelder Pompeo de Cerqueira