A desconstrução da Família Perfeita
Camila Otton Bauer
A família assim como a sociedade gira em torno de esteriótipos e alguns debem bem utópicos... entrar na sociedade capitalista e falar de uma família perfeita é quase impossível não mencionar alguns esteriótipos como a beleza, situação financeira, popularidade entre outros.
A utopia é algo a se sonhar, já que é inalcançável, mas o fato dela não ser parte da realidade concreta, faz que as pessoas continuem atras dessa bendita perfeição, e de certo modo melhore alguns fatores da vida por mais que a perfeição e a utopia andem juntas é necessário haver sempre uma busca da parte do ser humano por melhorias seja ela de qualquer especie.
Existe dois tipos de sociedade, aquela que todos almejam ou fingem ter e aquela marginalizada, considerada indigna de se viver. O filme shrek aborda um meio termo entre essas duas realidades, onde alguns conceitos são quebrados quando eles não seguem esteriótipos que até então se faz necessário ter para ser uma família perfeita, porem nota-se que a família aparenta ser feliz demais para ser completamente marginalizada e sem esses esteriótipos padrões.
De uma forma bem humorada o filme vai chegando ao ponto de ele (no caso o chefe da família) o ogro, acabar se tornando obrigado a tentar fazer parte dos conceitos pre-estabelecidos perante a sociedade para ter o tao sonhado feliz para sempre.
Vendo-se encurralado, ele larga mão da sua felicidade para fazer parte de um jogo de aparências onde o que importa não é realmente se a pessoa esta feliz e sim a beleza, o dinheiro, a fama e tudo que ela necessita aparentar ter para ser feliz e essa felicidade não é propriamente sua mas sim algo ilusório para que os outros vejam e ai sim achem que aquela sim é uma pessoa feliz e completa.
Quando é falado em contos de fadas, a analise já começa na sendo feita pelo nome onde a junção dessas palavras (“contos de fadas”), demonstra algo magico, angelical e totalmente fora do alcance.
Quando retrata uma princesa e um ogro, a principio isso pode ser aceito pelo fato dos opostos se atrair mas quando é descoberto que ela também é uma ogra já fica totalmente desconexo esse conto de “fadas” para com os outros não imaginando assim um feliz para sempre.
O fato do homem (ogro- termo também usado para definir homens feios, brutos e com atitudes porcas) ser feio e a mulher uma princesa é considerável mas quando a mulher já não é uma princesa, percebe claramente uma critica para a sociedade quando se trata do padrão pre-estabelecido de beleza feminina e também do padrão de “casal perfeito” que os dois ou pelo menos um parceiro tem que ser obrigatoriamente bonito.
Trazendo um pouco mais para nosso cotidiano esse assunto, pode ter uma analise de duas famílias distintas e até então eles não se conhecem. A partir do primeiro contato estabelecido entre os filhos, com o tempo é descoberto que havia uma certa aproximação dos pais e que em outro momento eles se conheciam e partilharam de algumas experiencias.
Depois desse momento é normal da natureza humana começar a criar certas suposições a partir do que já foi exposto. Quando esse pré-conceitos são formados eles estão cheios de esteriótipos já adquiridos em nossa caminhada de contos de fadas e assim essas suposições começam a surgir juntos com vários pensamentos errôneos.
Como estamos familiarizados em todos os meios de comunicação ver como é uma família feliz e perfeita, no momento que a nossa cabeça acaba vendo algo semelhante ou aparentemente parecido com aquilo, logo associa e faz com torne aquela família um ícone de felicidade.
Esse ícone é quebrado quando alguém membro da família não corresponde a alguns preceitos, tirando toda a mascara de perfeição e a pessoa que fez esse pre-julgamento acaba não aceitando e indagando para si mesmo que não seria possível aquela pessoa estar com problemas já que a família é teoricamente perfeita e num ato totalmente normal, há um busca de artifícios para mostrar a sua veracidade em dizer sobre a perfeição daquilo oque acaba gerando argumentos infundados (ou não) para mostrar que aquela atitude não condiz com a pessoa, principalmente se tratando de algo tao perfeito.
O drama é algo bem constante em nossas vidas e bastante presente em novelas, então logo todos somos um poco dramáticos.(acusar a pessoa de dramática faz parte)
Falando de meios de comunicação, saindo um pouco do desenho e indo para as novelas, é normal em uma família dita como perfeita ter um filho rebelde, incompreensivo ou algo semelhante pois as novelas tentam parecer ao menos um pouco com a vida real e a não ser as aparências não existe família perfeita.
Ok, novelas tentam parecer com a vida real, mas os contos de não, eles devem serem perfeitos, eai ?? como fica ??
Bem, os contos uma hora ou outra tinha que mostrar que nem sempre tudo da certo e que não existem apenas príncipes e princesas.
Assim como isso não existe, a perfeição também não, a busca pela perfeição nunca chegara ao fim e justamente por isso é algo utópico. (Já que somente Deus é perfeito)
Já estava na hora de fazerem uma princesa mais humana e menos estereotipada, já estava na hora de mostrarem o cotidiano, problemas vividos diariamente e diversas situações com belas doses de comedia para que crianças não cresçam com ideias mais que inalcançáveis de vida, amor e desejos.
O humor é uma bela forma de criar e lidar com situações difíceis quando se trata do publico infantil. Isso se mostrou evidente não somente com esse publico mas também com o publico jovem e adulto com a aceitação de um ogro no lugar do príncipe, de um gato de botas que usa a sua fofura para matar, de um burro que se relaciona com uma especie diferente da sua e tem serias crises existenciais e emocionais.
Coisas que são vistas no dia a dia e que retrata dessa forma “inocente” em desenho são aparentemente mais aceitas. Quando colocamos um burro como pessoa e essa se relaciona com outra especie, ou seja, não obedece a ordem natural das “coisas”, se relacionando com um dragão e mesmo assim o homem (ogro) aceitou naturalmente a situação mostra que independente de algumas escolhas a personalidade e a essência da pessoa não muda.
E que mesmo não sendo um conto de fadas perfeito é possível sim tentar ir atras da felicidade, mas é claro que se for através de seus conceitos e não pelo o que a sociedade impõe. Ir em busca do conto de fadas perfeito é uma ilusão e no final saberá que são apenas historias feitas para dormir.